sexta-feira, 22 de junho de 2012

“O Mar” será, talvez...


“O Mar” será, talvez, o pretexto para o convívio, discussão e partilha no próximo ano letivo, 2012/2013. Este poderá vir a ser o grande tema que integrará a biblioteca nos currículos, facilitando o trabalho de articulação curricular entre esta e as diferentes disciplinas. 

 Alguns poemas de Sophia de Mello Breyner Andersen para inspiração.

Mar
Metade da minha alma é feita de maresia.

Barcos


Dormem na praia os barcos pescadores
Imóveis mas abrindo
Os seus olhos de estátua
E a curva do seu bico
Rói a solidão.


Praia

As ondas desenrolavam os seus braços
E as brancas tombam de bruços.

Lusitânia

Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
E proa negra dos seus barcos Vivem de pouco pão e de luar.


Ondas

Onde-- ondas-- mais belos cavalos
Do que estes ondas que vós sois
Onde mais bela curva de pescoços
Onde mais bela crina sacudida
Ou impetuoso arfar no mar imenso
Onde tão ébrio amor em vasta praia.


Mar

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.


Espero

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.
As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.


Dia do mar no ar

Dia do mar no ar, construído
Com sombras de cavalos e de plumas
Dia do mar no meu quarto-cubo
Onde os meus gestos sonâmbulos deslizam
Entre o animal e a flor como medusas.
Dia do mar no ar, dia alto
Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem
Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.

( Poemas retirados do livro
Mar, de Sophia de Mello Breyner Andersen, CAMINHO.)

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